Apendicite: Pode Ocorrer Em Crianças?

Apendicite: Pode ocorrer em crianças?

A resposta é SIM! Criança também pode ter Apendicite. A boa notícia é que se for diagnosticada e tratada precocemente, o prognóstico é excelente!

A apendicite aguda é uma das emergências cirúrgicas mais comuns em crianças. É a principal causa de intervenções cirúrgicas abdominais nos Hospitais de Emergência Pediátrica. Ocorre mais comumente em crianças a partir dos 10 anos e adolescentes, porém pode acometer crianças menores, bebês e muito raramente até mesmo recém-nascidos.

 

Mas afinal, o que é Apendicite aguda?

É a inflamação do apêndice cecal. O apêndice é um resquício embriológico da formação do intestino, e está localizado na primeira porção do intestino grosso, o ceco. Como é uma estrutura muito fininha e estreita, pode ser facilmente obstruído por fecalitos (resíduos de fezes) ou por aumento de tecido linfóide local. Quando ocorre a obstrução, há aumento da produção de muco e proliferação bacteriana, instalando-se um processo infeccioso que com o passar do tempo evolui para complicações. A apendicite não melhora espontaneamente ou com uso de medicamentos. O tratamento é cirúrgico, com a remoção do apêndice. Caso não seja tratado, pode ocorrer perfuração do órgão com extravasamento de conteúdo fecalóide (fezes) para a cavidade abdominal, levando a um quadro de peritonite e sepse abdominal, que pode ser fatal.

Então, como evitar que a apendicite ocorra?

Muitos pais e mães quando recebem o diagnóstico de apendicite no seu filho/filha, referem sentimento de culpa, e nos questionam o que poderiam ter feito para evitar. Fato é que a apendicite não pode ser evitada.  Sempre deixo isso muito claro para as famílias. Não há nenhum comportamento que predisponha ao surgimento de apendicite. Também não é uma condição genética ou familiar. E não há nenhum alimento que quando ingerido aumente a chance de a criança ter apendicite. O que pode ser feito é estar atento aos sinais e sintomas sugestivos de apendicite e procurar atendimento médico rapidamente para que o diagnóstico e tratamento sejam precoces.

Quais os sinais e sintomas?

(Foto dor abdominal em criança)

A dor abdominal é o principal sintoma, e se inicia próximo ao umbigo, associada a náuseas e perda de apetite. Com a evolução do quadro, a dor passa a se localizar na região inferior direita do abdômen e a criança pode apresentar vômitos e febre baixa. Nessa fase a criança já apresenta muita resistência ao ser examinada, e costuma proteger o abdômen, evitando até mesmo ficar em pé ou caminhar. O abdômen pode apresentar distensão, e alguns pacientes podem ter diarréia. Importante ressaltar que nem todas as crianças manifestam os sintomas da mesma forma. Além disso, algumas condições podem dificultar e atrasar o diagnóstico, como obesidade, apêndice em posição anatômica anômala, apendicite em crianças muito pequenas.

O que fazer se meu filho apresentar esses sintomas?

Toda criança com dor abdominal persistente por mais de 6h deve ser levada ao Pronto Socorro Infantil. Lá ela será examinada por um médico Pediatra, e se a suspeita for mesmo de apendicite, serão solicitados exames de sangue, e de imagem. Antigamente, o diagnóstico de Apendicite era baseado apenas no exame físico, pois na maioria dos casos o quadro clínico é bem característico e os exames de imagem não eram de fácil acesso. Hoje em dia, tanto nos hospitais públicos como privados, é muito raro não termos exames de imagem disponíveis. O Ultrassom abdominal ou a Tomografia Computadorizada de abdômen são os exames de imagem que costumam ser solicitados nos casos de suspeita de apendicite. Importante ressaltar que a Tomografia Computadorizada é um exame com alto nível de radiação, e só deve ser realizada se houver realmente necessidade. Caso a suspeita seja confirmada, o tratamento clínico deve ser iniciado, com antibiótico venoso e a equipe de Cirurgia Pediátrica será acionada, para programação cirúrgica.

Como é a Cirurgia para retirada do Apêndice?

A apendicectomia (cirurgia para resseção do apêndice) pode ser realizada via convencional (aberta) ou via laparoscópica (minimamente invasiva). Ambas devem ser realizadas no centro cirúrgico, sob anestesia geral.

Na técnica aberta é feita uma pequena incisão no quadrante inferior direito do abdômen, através da qual o apêndice é ressecado. Em alguns pacientes, principalmente nos casos de ap

endicite complicada (com perfuração do apêndice e peritonite) pode ser necessária uma incisão maior, na região central do abdômen.

Na técnica videolaparoscópica os instrumentos e a microcâmera são inseridos no abdômen através de 3 pequenas incisões, por onde o apêndice é retirado. Nos casos de apendicite complicada pode ser necessário que a cirurgia seja convertida para a técnica convencional. Hoje em dia muitos hospitais já contam com aparelhos de vídeo. Quando possível, a via laparoscópica deve ser a opção de escolha, pois fornece uma melhor recuperação pós-operatória, com menos dor, recuperação mais rápida e melhor aspecto estético.

Como será a recuperação pós-operatória?

A reintrodução alimentar é bastante variável e depende de cada caso. Em alguns pacientes, principalmente nos quadros mais graves, o intestino demora mais a retomar seu funcionamento normal. A dieta deve ser iniciada de forma lenta e gradual, com alimentos líquidos e pastosos, e após a alta a alimentação deve ser leve. O tempo de permanência hospitalar também é variável. A alta pode ocorrer no dia seguinte, quando a apendicite é inicial; mas pode se prolongar por 2 semanas ou até mais, nos casos complicados. A criança pode retornar às atividades físicas após cerca de 1 mês, porém o retorno às aulas costuma ocorrer bem antes. Cada caso deve ser avaliado individualmente.

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